sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Amar sem...


Amar sem Doer

Se a força de um amor fosse bastante
ao se bastar não precisasse receber,
talvez quem sabe a busca incessante
por ser amado não gemesse por doer.

Se amar fosse apenas uma constante
que por se dar inundasse nosso viver,
de tão farto o coração de um amante
não beberia mais na fonte do querer.

E sem as lágrimas de amores sofridos
e nem mais mágoas de amores doídos,
alguns versos poderiam ser irônicos.

Pois deixar de sofrer por consentidos
sentimentos dos amores referidos
só poetas amariam amores platônicos!

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Se o tempo parasse, se...

Não queria perder-me no tempo.
O tempo que ilude
No tempo de sonhar,
o tempo da boa saúde
Que explode no tempo de amar.

Queria ver as coisas que tento
E sonho para nunca acabar.
Sem a pele que envelhece
O desejo de amar
Reanima, entorpece e aquece.

Ah o momento eterno do agora!
Momento com feitio de felicidade
Aquele que não lembra dos foras
O quanto se curte na jovialidade.

Se o tempo parasse, se.
Se jamais se cansasse, se.
Se o se canalizasse
Sem medo e apenas bastar-se.

Se o turbilhão de imagens
Movidos por sentimentos crus,
Inundados de miragens
Dos olhos que vagueiam nus,
Retrocedessem no tempo
Para do tempo não se perder,
E quando o tempo chegasse
Fosse ao lado de você.

Seria mais fácil
Bem mais fácil
Envelhecer.




sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Para beijar-te como ja beijei...

Continuo postando minhas poesias, nessa retrato meu lado romântico,outras, o lado cético que aflora nas letras agnósticas que escrevo.

Para beijar-te...

Onde coloquei você que de mim sumiu
meus caminhos já não cruzam os teus.
Dantes, tão próximo minha visão te viu
agora misturado a tantos desapareceu.

Olho a rua vejo esquina para me trazer
a sombra, um vestígio de quem só amei.
Nos acasos da vida espero acontecer
O exato momento de gritar: “Te achei”!

Devo ter te escondido atrás de um muro
Deves ter passado num instante perdido
E quem sabe, sem saber, contigo cruzei...

Mas se quero ver-te é porque procuro
Bem no fundo D’alma meu amor antigo
Pra beijar-te a boca como já beijei.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Porque também sou astro!

Explosões, clarões, cachos de astros
No breu, raios gamas incandescentes;
Colisões, partículas tal qual mastros
Iluminam o céu de galáxias luzentes.

Além dessa cósmica dança de rastros
E longe de atmosferas efervescentes;
O azul celeste espalha-se num lastro
E brancas nuvens fluam indiferentes.

Quando a natureza expõe suas cores
Iluminada pelo sol que tão aquece
Os olhos firmam meu campo vasto.

Olhando o espaço sem ter divisores
Descortinada a visão que embrutece
Revelo-me que também sou astro!

domingo, 2 de agosto de 2009

Noite alta céu risonho...


Luar de Serenata...

Quero postar a letra de uma belíssima canção. “Noite Cheia de Estrelas” com autoria de Candido Neves, o Índio. Gravada por Vicente Celestino em 1932 no lado B do disco Columbia. Um magnífico poema em forma de serenata. Tomara que gostem tanto quanto eu! Pois é, tão cética em relação ao amor apaixonado,escrevendo mais na linha da minha busca pessoal ou apologias ao universo, me rendo a poesias apaixonantes dos poetas enamorados.

Noite cheia de Estrelas...

Noite alta, céu risonho
A quietude é quase um sonho
O luar cai sobre a mata
Qual uma chuva de prata
De raríssimo esplendor
Só tu dormes não escutas
O teu cantor
Revelando à lua airosa
A história dolorosa
Deste amor.

Lua, manda tua luz prateada
Despertar a minha amada
Quero matar meus desejos
Sufocá-la com meus beijos
Canto
E a mulher que eu amo tanto
Não me escuta está dormindo
Canto e por fim
Nem a lua tem pena de mim
Pois ao ver que quem te chama sou eu
Entre a neblina se escondeu.

Lá no alto a lua esquiva
Está no céu tão pensativa
E as estrelas tão serenas
Qual dilúvio de falenas
Andam tontas ao luar
Todo o astral ficou silente
Para escutar
O teu nome entre as endeixas
Nas dolorosas queixas
Ao luar.

Um poema de Vinícius...

Eis uma maravilhosa poesia de Vinícius de Morais. Entre tantas, essa, é minha preferida. Talvez por ser o tema, a maneira de amar além, muito além e continuar amando até que não haja mais além.

Os Acrobatas....Vinícius de Morais

Subamos!
Subamos acima
Subamos além,
subamosAcima do além, subamos!
Com a posse física dos braços
Inelutavelmente galgaremos
O grande mar de estrelas
Através de milênios de luz.

Subamos!
Como dois atletas
O rosto petrificado
No pálido sorriso do esforço
Subamos acima
Com a posse física dos braços
E os músculos desmesurados
Na calma convulsa da ascensão.

Oh, acima
Mais longe que tudoAlém,
mais longe que acima do além!
Como dois acrobatas
Subamos, lentíssimos
Lá onde o infinito
De tão infinitoNem mais nome tem.

Subamos!
TensosPela corda luminosa
Que pende invisível
E cujos nós são astros
Queimando nas mãos
Subamosà tona
Do grande mar de estrelas
Onde dorme a noite.

Subamos!
Tu e eu, herméticos
As nádegas duras
A carótida nodosa
Na fibra do pescoço
Os pés agudos em ponta.
Como no espasmo.

E quando Lá,
acima Além,
mais longe que acima do além
Adiante do véu de Betelgeuse
Depois do país de Altair
Sobre o cérebro de Deus
Num último impulso
Libertados do espírito
Despojados da carne
Nós nos possuiremos.
E morreremos
Morreremos alto,
imensamente
IMENSAMENTE ALTO.

Sonhei...


Apenas Sonhei com Você!

Nada diferente, nenhuma lembrança lembrada
Nem ao menos pensei no desejo de te rever;
Fui dormir como sempre, só por sono mais nada
Embrulhada tranquila no leito para amanhecer.

Não ouvi uma música ou fotos de te guardada
Nem senti solidão, nem demorei a adormecer;
No aconchego dos panos com cabeça apoiada
Travesseiros e relaxada fui dormir por prazer.

Sono zen, sonhos vêem, sonhos sem noção.
Com cores fluidificadas, amorfas, sem nexos.
Amanhece outro dia,do sonho nada mais sei.

Mas essa noite sonhar por fim não foi em vão
Mais luzes, cheiros, vozes em meus reflexos.
Detalhes de você lembrei-me quando acordei.

sábado, 1 de agosto de 2009

Lua


Oh lua...

Essa música é do ano de 1913 e foi cantada pelo cantor Roberto Roldan com selo de disco da Odeon. Depois editada na revista Chuá em 1914. Os versos não estão completos porque não há registro certo. A música foi interpretada no palco pela atriz Abigail Maia no teatro São José na Praça Tiradentes no RJ, depois pelo cantor Vicente Celestino. É uma paródia aos versos de Hermes Fontes “Manhã d’Abril”. Fez muito sucesso no Brasil e meu avô gostava de cantá-la nas reuniões em família. Trazem-me lembranças das festas e reuniões dos tios e primos enquanto o coro de todos acompanhava a voz do meu avô Joaquim Caminha de Sá Leitão. Lindas recordações.

Oh lua cheia...

Oh lua cheia!
Cheia de graça
Esse teu bojo
Está repleto de cachaça;

Apague a luz
Sem ninguém ver,
Abre-te ao meio
O teu recheio
Tô danado pra beber.

Tu não és mais
Que um garrafão,
Aqui me tens
Em sacra-santa devoção.

Oh vagabunda lá do espaço
Abre teus braços
No mesmo passo

Vamos tomar
Um formidável bom pifão.


Lua pau d'água
A minha mágoa
É não me ver
No alambique a noite inteira,
Tendo a ti por companheira
Na sempre eterna bebedeira
E na ressaca habitual.
Oh lua amada
Vou procurar um bom
Lugar pra descansar,

Antes que o tal guarda-noturno
Que é malvado sem igual
Venha aqui destruir meu recital.
Por ti oh lua
Nem água Arrais

Só bebo chumbo
Derretido e peço mais;

Me encontrarás no botequim
Fiel ao que te prometi
De que não bebo nunca mais
De hoje pra trás...